Sunday, December 4, 2011

achados e perdidos

Por cima de tudo, a luz dourada da manhã e o céu azul de uma palidez parelha e rútila de esmalte e duma inocência de pintura primitiva. A paisagem tinha a beleza plácida de um poema acabado, a que não se pode tirar nem acrescentar a menor palavra.

Érico Veríssimo, O Tempo e O Vento.


revirando velhos recortes de revistas esbarrei com um editorial de moda da Capricho (!) de julho de 1997, que era no Rio Grande do Sul e trazia essa citação.

na época eu andava apaixonada por Veríssimo pai, tinha lido Olhai os Lírios do Campo e Música ao Longe, e, fato que não deve ser desconsiderado, era uma adolescente sonhadora, romântica e impressionável.

como a estória insana e inxplicável das coincidências literárias já tinha começado na minha vida, eu fiquei sim, muito impressionada quando achei Veríssimo na Capricho.

mas nem era disso que eu ia falar.

era de _

1) como essa expressão "de uma palidez parelha e rútila" me pareceu sempre tão incrível e original e diáfana e triste e bela, tudo ao mesmo tempo. eu tenho essa coisa com as expressões e palavras, algumas me dão arrepios. assim, sem explicação mesmo. bom, a estória com as proparoxítonas já tinha começado também, então, talvez haja uma conexão aí. "rútila" é uma palavra-proparoxítona-preferida. mas o caminho é inverso _ ela só é por causa dessa expressão. ficou confuso, né? mas é.

2) como a Capricho era uma revista bacana que fazia editoriais na Serra Gaúcha e em Siena e mudou minha vida besta, dos 11 aos 18 anos. e como as meninas de hoje não têm uma revista assim pra mudar a vida delas. e como as revistas de hoje são, bem, menos bacanas no geral (observação de Andrei com a qual eu concordo).

no fim das contas, ganhei o dia inteiro só por achar essa página velha e amarelada de novo.