Monday, April 16, 2012

sobre dandies e paixonites adolescentes por personagens

acho que eu li Dorian Gray por volta dos 18 anos.
(faz tempo, então não tenho certeza)
eu era jovem. e impressionável.

então Lord Henry causou-me grande impressão.
eu me apoixonei pelo persogem no primeiro capítulo e achava tudo o que ele dizia incrível-maravilhoso.

muitos anos e muitas leituras depois...
cá estou eu relendo Dorian por causa de disciplina de literatura inglesa na universidade.
e, advinhem?

Lord Henry não me seduz mais.
na verdade, na verdade mesmo, não suporto mais aquela pose, aquelas opiniões formadas sobre tudo, aquelas frases de efeito.
e o livro, do qual eu tinha gostado muito, tornou-se uma leitura cansativa e maçante pra mim agora.

estarei eu velha e rabugenta?
ou todo mundo concorda comigo que dandies are so last century?

Sunday, December 4, 2011

achados e perdidos

Por cima de tudo, a luz dourada da manhã e o céu azul de uma palidez parelha e rútila de esmalte e duma inocência de pintura primitiva. A paisagem tinha a beleza plácida de um poema acabado, a que não se pode tirar nem acrescentar a menor palavra.

Érico Veríssimo, O Tempo e O Vento.


revirando velhos recortes de revistas esbarrei com um editorial de moda da Capricho (!) de julho de 1997, que era no Rio Grande do Sul e trazia essa citação.

na época eu andava apaixonada por Veríssimo pai, tinha lido Olhai os Lírios do Campo e Música ao Longe, e, fato que não deve ser desconsiderado, era uma adolescente sonhadora, romântica e impressionável.

como a estória insana e inxplicável das coincidências literárias já tinha começado na minha vida, eu fiquei sim, muito impressionada quando achei Veríssimo na Capricho.

mas nem era disso que eu ia falar.

era de _

1) como essa expressão "de uma palidez parelha e rútila" me pareceu sempre tão incrível e original e diáfana e triste e bela, tudo ao mesmo tempo. eu tenho essa coisa com as expressões e palavras, algumas me dão arrepios. assim, sem explicação mesmo. bom, a estória com as proparoxítonas já tinha começado também, então, talvez haja uma conexão aí. "rútila" é uma palavra-proparoxítona-preferida. mas o caminho é inverso _ ela só é por causa dessa expressão. ficou confuso, né? mas é.

2) como a Capricho era uma revista bacana que fazia editoriais na Serra Gaúcha e em Siena e mudou minha vida besta, dos 11 aos 18 anos. e como as meninas de hoje não têm uma revista assim pra mudar a vida delas. e como as revistas de hoje são, bem, menos bacanas no geral (observação de Andrei com a qual eu concordo).

no fim das contas, ganhei o dia inteiro só por achar essa página velha e amarelada de novo.

Sunday, August 7, 2011

os caminhos literários que a pessoa percorre não têm nenhuma lógica identificável

Foi assim que aconteceu.

Eu sempre assinei a Bravo!

Bem, não assinei, por um tempo, mas foi só um pequeno lapso.

Enfim, além de sempre ter lido e assinado, eu sempre confiei quase cegamente na Bravo!

(Nessa hora, você pode pensar: "Que pessoa mais metida! Leitora, assinante e adoradora da Bravo!". Tudo bem por mim se você pensar isso. Ano passado eu tive uma conversa decisiva com minhas duas amigas mais antigas - que eu conheci aos 2 anos de idade - e elas me disseram que eu sempre fui metida. Desde os 2 anos de idade. E aí eu comecei a aceitar o fato. Olá, meu nome é Gio e eu sou uma Metida.)

Bem, voltando.

Um dia, muitos anos atrás, a Bravo! fez uma capa com as novas promessas da literatura brasileira. Foi assim que eu conheci Clarah Averbuck e passei a ler o blog dela e virei fã e contaminei alguns amigos.

Algum tempo depois eu acabei comprando o primeiro livro dela, Máquina de Pinball. Gostei, me pareceu intenso e verdadeiro, embora eu gostasse mais dos textos do blog. Depois, comprei o segundo livro, Vida de Gato, e já não gostei tanto assim. Achei meio repetitivo e monótono.

Mesmo assim, continuei de certa maneira admirando a escrita de Averbuck, e a persona que ela criou pra si mesma.

O que me intrigava eram os ídolos dela, seus mestres, aqueles que sempre lhe inspiraram admiração e inspiração.

Charles Bukowski
e John Fante.

Eu nunca tinha lido nenhum dos dois. Nem conhecia quem tivesse. Quando pensei em comprar um Bukowski, alguém eu cujo julgamento eu costumava confiar me disse na época: "Não vale a pena, não faz seu estilo, você não vai gostar".

Mas eu não sou exatamente o tipo de pessoa que abandona uma obsessão literária assim e pronto. Eu não consigo deixar uma coisa quieta até que eu descubra tudo o que há para descobrir sobre a coisa tal. Eu tenho um faniquito, como diz minha mãe; ou Eu sou hiperativa, como diz tautologico.

Modos que, acabei comprando Pergunte ao Pó, de John Fante.

E não, não gostei. Não só porque não faz meu estilo, mas porque hoje em dia eu tenho pouca paciência para com escritores malditos, esfomeados e marginalizados pela sociedade capitalista que não reconhece seu valor.

Eu ainda não li Bukowski, mas agora estou certa de que odiarei.

De qualquer maneira lerei. Só porque eu tenho que, sabe como é.

Uma coisa é certa: agora eu entendo de onde Clara Averbuck saiu. E isso é muito bacana pra mim.

Monday, November 2, 2009

Para quem está lendo ou vai ler Neve

Aqui um mapa dos locais mencionados no livro.

E para ajudar a pronunciar os nomes:
  • O 'c' se pronuncia como 'dj', como Walter Mercado dizendo "Ligue djá!"
  • ç se pronuncia como 'tch', ou seja, çau ou çibum
  • h é como no inglês
  • ö se pronuncia como no alemão, um /œ/ onde se abre a boca para dizer 'o' mas diz-se 'e'
  • r é sempre como em 'parangolé', nunca como em 'ratatouille'
  • ş tem som de x, como aquele programa Şou da Şuşa
  • ü é igual ao alemão, ou como o u francês fazendo biquinho
Além desses tem os dois 'i's diferentes. Se for com ponto, seja minúsculo ou maiúsculo (İ), é normal, como o i que estamos acostumados. Se for sem ponto aí lascou, é uma "vogal fechada posterior não-arredondada" ou algo assim. É como um u só que sem os lábios arredondados; ou como um i só que com a língua pra trás. Se ainda tiver dúvida, dê uma olhada no arquivo de som na página da Wikipedia.

Quanto ao ğ com esse troço em cima, não faço idéia. Ainda não entendi como se diz isso.

Thursday, October 22, 2009

Dois pequenos comentários ficção-cientifico-cinematográficos

Distrito 9. Não vou falar sobre o filme. Apenas assistam.

Mas aí estava pensando cá com os reflexivos botões e tentando recordar algum outro bom filme de FC antes de Distrito 9, e lembrei de Sunshine. Felizmente eu também não preciso gastar o verbo explicando o que eu acho do filme, porque Tarantino copiou totalmente minha opinião.


Friday, September 25, 2009

Versões, traduções e etc.

Não é bem por aí. Eu não compro o que é mais barato. Existem vários motivos para comprar um determinado livro em um determinado idioma, e eu levo sim em consideração qual o idioma original.

Mas tem a questão da qualidade da tradução também. Por motivos óbvios relacionados à situação do mercado editorial em diferentes países, livros traduzidos para o inglês ou francês tendem a receber um tratamento melhor que os traduzidos para o português aqui no Brasil. Basta olhar para os prazos em que as coisas são feitas para ter uma idéia. A sensação literária na França de 2006, Les Bienveillantes, saiu aqui no Brasil bem um ano antes da versão traduzida para o inglês. E não foi por questões de direitos autorais, que tudo isso foi resolvido rapidamente depois que o livro ganhou todos os prêmios literários importantes na França. E aí em qual tradução você confia mais: em uma que foi feita às pressas, para aproveitar o momento e vender logo, ou em outra que foi feita cuidadosamente ao longo de mais de um ano?

Coisa parecida aconteceu com Orhan Pamuk, um autor que eu não tenho muita expectativa de conseguir ler no original. Em um dado momento só havia dois livros dele publicados aqui, um deles sendo Meu Nome é Vermelho. De repente, depois que ele ganhou o Nobel de Literatura, choveram livros de Orhan Pamuk traduzidos aqui. Não me peçam para confiar nessas traduções de última hora, porque não dá. Meus livros de Pamuk são em inglês mesmo.

(Sem falar que os paperback em inglês são mais baratos, e pelo preço de um livro brasileiro dá para comprar o mesmo em capa dura, em inglês. )

Wednesday, September 23, 2009

o maravilhoso mundo novo dos livros no idioma original

De F. Scott Fitzgerald eu só li O Grande Gatsby, até agora. Quer dizer, comecei a ler The Diamond as Big as the Hitz, uma coletânea de contos, mas parei. Era emprestado de uma biblioteca, acabei não tendo tempo de terminar no prazo e achei melhor devolver. Achei genial, contudo. Diferente de Gatsby, não melhor ou pior, diferente apenas, mas tão bom quanto.

A questão é a seguinte: eu tive por muito tempo uma resistência grande a ler livros em inglês. Achava que nunca apreenderia as idéias e imagens tão bem quanto em português e seguia me recusando. Eu não mudei de idéia exatamente. Mas calhou que eu lesse algumas pequenas coisas em inglês – de autores ingleses ou americanos, é fundamental frisar – pra que eu começasse a achar que estava na hora de me arriscar.

Arrisquei-me pois com êxito por Fitzgerald e por Nick Hornby, do qual não falarei nesse post ainda. Li então o pedaço do citado The Diamond as Big as the Hitz e gostei muito. Dos contos e de Fitzgerald em sua língua nativa. Tanto que ando pensando em reler Gatsby no original. E olhem que eu levo aquela estória da figurinha-repetida-que-não-preenche-álbum à sério quando o assunto é livro. Eu sei, é duma idiotice sem tamanho, mas sempre penso que com tantos livros esperando pra serem lidos por aí pelo mundo, acho que vocês conseguem me entender.

Continuo desconfiada com a coisa de ler qualquer coisa em qualquer língua. Tautologico faz isso o tempo todo. Se um livro é mais barato em francês, é em francês que ele compra. Não importa se foi escrito originalmente em cantonês. Eu sei que ele faz isso com método e critério – como ele faz tudo – e eu me orgulho da capacidade dele de entender tantas línguas (daqui a pouco ele começa a ler em japonês, mas deixa eu parar com essa rasgação de seda porque não é elegante), mas eu tenho certeza de que comigo não dá pra ser assim. Ler autores nativos de língua inglesa em inglês tudo bem. Fazer o mesmo com os franceses, também, quando meu francês chegar lá. Um dia eu faço o mesmo com os russos, quem sabe, Dosta que me aguarde. Mas tudo e qualquer coisa em inglês (porque é só em inglês que eu consigo), não mesmo.

Fiel a esse princípio, já iniciei uma paquera com uma edição de The Great Gatsby que eu vi essa semana na Cultura. E da qual né, eu já tenho um volume – Pride and Prejudice, pois Jane Austen é outra que eu incluí na lista vamos-ler-no-original – graças ao namoradotrocínio de Tautologico, essa pessoa que só me acostuma mal. Não que eu esteja reclamando, óbvio.

Vamos ver no que dá, o novo projeto.