Monday, May 7, 2007

Críticas pontuais à série Heroes

E agora para algo um tanto diferente: nosso amigo e comentarista Wilson decidiu enviar-nos um texto sobre a sére de TV Heroes, aproveitando o ensejo do último post. Aí está.


Críticas pontuais à série Heroes

Por: Wilson, a bola


Heroes foi concebido por Tim Kring com a intenção de se aproximar dos comics. E nisso a série funciona. Heroes é sobre pessoas que descobrem que têm poderes, como voar, ficar invisível, controlar o espaço-tempo(!) etc.

Mas a série só engrena a partir do sétimo episódio, quando as semelhanças com os quadrinhos se tornam evidentes. Se você conseguir chegar até lá, parabéns. Pois os episódios antes disso são muito chatos. Um ponto fraco do roteiro nessa fase é não obedecer a uma receita básica de história de heróis: não há um inimigo.

Soma-se a isso a demonstração excessiva do poder de alguns heróis, como a líder de torcida (Claire) e o japonês (Hiro). Ela tem o poder de se regenerar, mas nos primeiros capítulos você acha que na verdade ela é de vidro, pois a qualquer chance ela cai e se quebra toda; só pra regenerar depois e mostrar que “ela tem o poder”. E, acredite, ela cai muito nos primeiros episódios. Já Hiro, o japonês, tem seu poder demonstrado apenas por seu ponto de vista: quando ele o usa, todas as coisas ao seu redor param e só ele se movimenta no quadro. Isso acontece quando ele pára o espaço-tempo. Por várias vezes a gente vê Hiro se mexendo e mudando coisas na cena enquanto tudo está parado ao seu redor... Várias, várias, várias vezes. Várias mesmo. Não estou exagerando. Várias! Juro. Só no episódio 11, para alívio dos espectadores, alguém tem a idéia de mostrar isso diferente: do ponto de vista de outra pessoa. E funciona como as trucagens usadas por George Meliés: em um piscar de olhos, as coisas mudam ao seu redor e você nem sabe o porquê.

Eu não vou falar sobre como os personagens se encontram. Sim, pois vejam: a série se passa simultaneamente em Nova Iorque, Midland (Texas) e Las Vegas. E os personagens se encontram amiúde, sabe? Como se tudo acontecesse na cidade de Esperança, ou qualquer outra do interior. Fulano tá voando e resolve pousar no meio do deserto. E adivinhe quem ta lá no meio do deserto, exatamente no lugar onde fulano resolveu pousar? Sicrano! Que coisa. Aí Beltrano tá numa highway fugindo de uma louca e vê um acidente à frente, resolve parar e ver o que aconteceu. E quem foi que tava na mesma highway e teve a mesma idéia e tá lá vendo o acidente?? Sicrano!! Que coisa! É mais fácil acertar na mega-sena. Fora aquela impressão de “Ué! Todo mundo tem um poder? Todo mundo é especial?” Você se sentirá um lixo por não compartilhar disso com eles.

Mas as semelhanças com os quadrinhos é uma das coisas boas da série. Aliás, um dos heróis tem o poder de pintar o futuro. Quando ele faz isso em telas, as pinturas se assemelham mais a Frank Miller que a Goya.

O episódio 11 é o divisor de águas de Heroes. Antes disso, toda a história gira em torno de um evento futuro que foi pintado pelo artista aí de cima. E, é preciso dizer, antes do onze é tudo meio medíocre. Mas depois disso a série engrena de verdade. Aparece até um carinha que é a própria personalização do mal. Tá, é clichê, mas depois de onze episódios de heróis lutando contra... contra o que mesmo? Você já estará sentindo falta do “cara mau”.

Mesmo assim, Heroes consegue ser uma boa sacada. Não é por acaso que virou frisson. E mesmo prevendo futuras complicações para a série na segunda temporada por causa desse poder de Hiro de viajar no tempo, vale a pena conferir a primeira. Sim, porque um enredo com idas e vindas no tempo se torna demasiadamente complexo e chato para o espectador. Espero que Heroes não se torne uma luta de futuro contra passado. Ah, mais uma coisa! Vale a pena também dar uma conferida na atriz que faz Claire, a “menina de vidro”: muito gata! Quem me dera fosse ela naquela ilha deserta...

12 comments:

Anonymous said...

incrível! eu concordo com tudo.

Mythus said...

Não posso analisar o mérito do post por causa de uma preliminar: ilegitimidade do autor(a).

De diria que Wilson, a bola, deveria fazer um wilson-a-bola.blogspot.com. Ou, pelo menos, ser um(a) dos "Contributors", deste espaço. :)

O início do post faz uma referência a
"and now for something completely different" que só faltou colocar um link B^D

tautologico said...

Apesar de ser inspirada em quadrinhos, Heroes não é quadrinho, é ainda uma série de TV. E uma série de TV não necessariamente tem um vilão. Eu acho os primeiros episódios interessantes como o que são: estabelecimento dos personagens. Não há uma preocupação em ter um vilão ou antagonista nesse ponto, mas apenas dizer quem são os protagonistas da história, quais os seus problemas e conflitos, etc. E isso é bem feito.

Com relação às coincidências, muitos escritores famosos poderiam ser alvo da mesma crítica. Uma história vai ser contada porque ela é interessante, de alguma maneira, e as coincidências são uma forma de amarrar os vários personagens e tornar a história mais interessante. Não achei nenhuma coincidência forçada em Heroes, principalmente se comparar com Lost.

E pra mim o grande perigo da série é mesmo o exagero dos poderes. Acho que a primeira temporada vai acabar muito bem, mas há grandes chances da coisa descarrilhar na segunda. Vamos ver.

Anonymous said...

mas toda história tem que ter um antagonista. é a alma da história isso. o pecado de heroes foi demorar demais pra apresentar um.

é, lost tem dessas coisas de encontros apelativos. mas heroes apela sim. tem uns que são ridículos, como aquele em que nathan, o cara que voa, resolve pousar no meio do deserto, perto de uma lanchonete. e quem tá na lanchonete? ando e hiro! e o pior é que mesmo tendo outras pessoas lá, só eles viram nathan voando. sei nao...

tautologico said...

Uma história pode ter conflitos sem precisar de um antagonista personificado, um vilão, para isso. Em séries de TV, os conflitos muitas vezes vêm de problemas pessoais dos personagens, não de um vilão.

Anonymous said...

eu acho tudo isso um saco

tautologico said...

Ok, que fique registrado que raul (seixas? and the kings of spain? o dos espartanos?) acha tudo isso aqui um saco.

Anonymous said...

É. Estou precisando alucinadamente assistir esse negócio. E em seguida me viciar nele, claro..

Anonymous said...

seria o raul do real madrid?

Anonymous said...

simplesmente: não acho a série tudo isso... (supervalorização?)
abraço!

Anonymous said...

gostei desse felipe. nobre.

Mythus said...

Uma série excelente que não tem vilão é Kimi Ga Nozomu Eien. Quanto a Heroes, acho que existe uma grande possibilidade de nada explodir nem de nada mudar no último episódio.

Vão deixar tudo pra depois.

Sylar não vai/pode morrer na próxima terça. Esse último episódio de Heroes foi mais um daqueles que você faz uma super-expectativa e quanto vai ver não tem nada (só uma morte pra lá de estúpida).